Justo a mim

"Disciplina é liberdade"... Toda semana um texto novo... promessa!

quinta-feira, setembro 30, 2004

Samba do Saturno doido

"Quando a gente pensa que tem todas as respostas, a vida vem e muda as perguntas". Caramba, foi isso que aconteceu nos últimos dias. A vida mudou praticamente todas as perguntas ...
Deve ser a porcaria do Saturno que anda retornando. Segundo a Astrologia, aproximadamente a cada 29 anos Saturno retorna ao ponto onde estava quando nascemos, o que nos leva a uma série de reflexões, considerações e, se necessário, mudanças. Saturno tá sambando de volta pro lugar inicial na minha vida, viu?
Mas tudo bem. A quantidade de coisas que eu ando tendo que rever (bem como sua profundidade) tá sendo simplesmente impar. Mas, olhando bem, eu vejo que parece que eu fui preparada a vida inteira pra este momento de samba do saturno doido. As coisas em que acredito e sempre acreditei, as coisas em que não acredito mas nunca acreditei, as coisas que sempre esperei, as coisas que nunca esperei... Tudo parece estar se sucedendo numa espécie de carrossel; a velocidade do carrossel é baixa, mas... é isso que dá o tom forte de tudo o que está acontecendo. Quando eu olho pra uma coisa... tim tim tim tim.. ela ja passou ... mas tudo bem, volta já.
É, tem outra imagem boa pra este momento... é a dos moinhos... como em windmils of your mind ( uma canção bonita... que fala de uma cabeça que gira com um círculo numa espiral ou uma roda dentro de outra).
Tive um ótimo final de semana, depois de uma sexta-feira inigualável, que foi parte de uma semana sem precedentes, parte de um mês de setembro como não me lembro de ter vivido antes. Não que tudo tenha sido exatamente lindo e simples, mas que tem sido simplesmente marcante demais. Vai ver que a memória é mesmo seletiva, né?

quinta-feira, setembro 23, 2004

Meu irmãozinho barroco

Ele era tão pequenininho... E eu não esperava por ele. Mas, quando ele chegou, tive medo que não gostasse de mim. A gente se via tão pouco. Mas ele foi crescendo e, em pouco tempo (porém, mais do que eu queria que tivesse demorado) ele já sorria nos meus braços e parava de chorar quando eu cantava.
As bochechinhas dele eram a coqueluche minha e do meu outro irmão, que costumava dizer que o bebê tinha carinha de anjinho barroco.
Outro dia achei umas fotos dessa época... Quem as via comigo era um menino 11 anos mais velho.. que não gostou muito de se ver em sua época de anjinho barroco. Cresceu...
Um dia eu o vi andando sozinho na rua... achei o mundo tão cruel. Me senti impotente, sem poder fazer nada a não ser esperar que ele seguisse o caminho correto, mesmo que fosse só pra ir à farmácia.
Ano passado ele fez uma apresentação de Natal; sem dúvida, a peça mais linda do presépio.
Ontem, meu bebê, meu boizinho veio me contar que estava namorando. Ele me contou morrendo de medo que eu chorasse. É, ele me entende,sabe o quanto e o quê ele significa pra mim, mas eu também o entendo, e por isso não chorei. Afinal de contas, a gente sabe, todo mundo cresce e eu também já tive 1, 5, 7, 11 anos.
E eu fico feliz de saber que ele pensa em mim nesta transição, que ele conta comigo e me acha importante. Eu quero sempre estar presente na vida dele, com um aperto de perto, um sorriso de longe, um beijinho na testa.
A gente também cresce muito junto com aqueles que até ontem eram apenas crianças.

terça-feira, setembro 21, 2004

O corpo híbrido de Altera

Eu fiz um trabalho ano passado (e até hoje não devolvi o livro da professora...) em que falava sobre a menstruação na qualidade texto cultural. Uma coisa interessante que eu pretendo levar adiante qq hora destas.
Hoje, conversando com um amigo acabei me lembrando do tal trabalho. Isso porque a gente começou a discutir um pouco sobre os efeitos que os remédios (em especial aqueles pra emagrecer ou antidepressivos, etc) têm no nosso corpo.
Isso me fez pensar um pouco, pra variar, na Altera. Assim como eu, ela sempre se preocupou com o peso, mas hoje, a gente conversa bastante e isso tá assumindo outras cores pra ela, ainda bem... tons pastéis... sem trocadilho. Bom, mas houve um tempo em que Altera tomava anfetaminas e hoje, ela acabou se lembrando disso porque um conhecido dela estava preocupado procurando uma espécie de medicamento que é proibido e faz emagrecer, além de deixar as pessoas elétricas, etc, etc. Altera me confessou que ficou um pouco aliviada quando percebeu que os homens também têm esta preocupação... Ah, sim, o conhecido dela tava super preocupado porque no fim de semana vai viajar com um pessoal e não quer que a barriguinha esteja saliente. Que bobagem...
Eu, por outro lado, fiquei pensando nas coisas que a gente acaba fazendo com o próprio corpo. Por conta desta "massa heterogênea" na minha hipófise, eu ando tendo que fazer uma série de exames, mas, mais que isso, eu tenho recebido uma quantidade considerável de injeções. É incrível como nosso corpo é suscetível à ação de substâncias que, aparentemente, não causam nada, como o contraste de uma ressonância magnética, por exemplo.
Juntando tudo isso, só faço me lembrar do 'corpo híbrido', termo adotado por semioticistas pra designar a ... fusão, união, convivência, não sei ao certo, entre nosso corpo e o corpo de outros (como os transplantes, transfusões de sangue, etc, além das próteses, e tantas outras coisas que colocamos em nós).
O meu corpo não é mais nem menos híbrido que o de Altera, na verdade. Provavelmente é tão híbrido quanto o de qualquer outro... afinal, vivemos todos na mesma época.
Uma época em que felicidade ainda não se compra, mas já é vendida em pílulas, injeções...
Engraçado... pensar nisso tudo me deu uma dorzinha de cabeça... acho que vou tomar um comprimido .

segunda-feira, setembro 20, 2004

Música brega

Hoje de manhã estive conversando com Altera. Ontem a gente não se falou porque eu estava muito cansada. Na verdade, eu andei dormindo mal as últimas noites e ontem todas acabaram mostrando a conseqüência.
Altera leu os posts e, rindo, me perguntou se o blog era meu ou dela. Eu dei risada ...
Como sempre, falávamos de relacionamento. É...mulheres quando se juntam, não conseguem mesmo variar o tema. Em compensação, o que fazemos de variações sobre o mesmo tema é definitivamente ainda um mistério.
Eu tava assistindo ao programa do João Gordo na MTV semana passada. O Biafra estava lá. Nossa, há quanto tempo eu não via o Biafra!!!! Peguei o programa já bem no finalzinho. Além do Biafra estava aquela Adriana Bombom, mulher do Dudu Nobre e ex-paquita da Xuxa (pois é... o nome dela é comprido mesmo). É óbvio que, pela compleição física e gostos estilísticos da outra convidada, o Biafra falou pouco e, só o ouvi dizendo obrigado praticamente. Mas, antes disso o João Gordo declamou um pedaço daquela música "Sonho de Ícaro". Aquilo me pareceu meio surreal, mas, bem, tudo bem.
O que houve, na verdade, foi que tudo isso me lembrou uma outra música do Biafra, que tem o verso "como posso te esquecer, se teu cheiro está em mim". É um verso bonito, não? Me lembra aquele outro do Chico "quero ficar no teu corpo, feito tatuagem". Tem vezes em que a gente se sente meio fluido, meio etéreo eu acho, e nessas horas, a razão se expressa com este tipo de frase sinestésica. É bonito...
Ah, sim. Às vezes eu digo coisas que não acredito!!! Outro dia, eu soltei uma frase que me deu orgulho: "a sinceridade traz coerência". Sim, gente, eu falei isso. E depois fiquei refletindo muito sobre o assunto (sem modéstia... pq ela poderia atrapalhar a reflexão). Quando se é sincero com aqueles a quem se ama: Deus, a si próprio, amigos, família (acho que coloquei em ordem de dificuldade...), o relacionamento cria uma lógica própria, ditada pela sinceridade. É... mas, ainda que seja uma coerência "idiossincrática" (na falta de melhor termo), é uma coerência que será sempre a mesma, porque terá sido vinda da sinceridade e, sinceridade é aceitaçao (e exposiçã0, muitas vezes) das coisas que a gente sente e vive, portanto, da nossa realidade. E como cada um tem uma realidade, cada dois podem ter uma lógica só.

... se é que isto faz sentido pra alguém.



sábado, setembro 18, 2004

Vô Zico

Hoje é sábado.
Altera me contou que acordou muito feliz. Ela me disse que anda preocupada com um monte de coisas, mas que tá feliz pelo momento que está vivendo.
Ah, sim, eu e Altera conversamos muito, muito mesmo.
Quando ela era pequena, brincava que ia encontrar o namorado. Ela me disse que, junto com uma prima, se divertia muito se preparando para encontrar o tal 'namorado'. Mas, as coisas mudaram um pouco, e quando a Altera cresceu ( a gente ainda não era muito amiga), passou a ter um medo danado dos meninos. O namorado ficou perdido na infância, e como nas brincadeiras, ele nunca chegava, porque, se chegasse, estragaria a diversão.
Mas... a Altera começou a se preocupar com isso porque, na avançada idade de 14 anos ela nunca tinha sequer beijado. Ela me confessou outro dia que a primeira vez que dançou com um menino devia ter bem uns 16 anos. Vai ver que porque todas as amigas da idade dela não tinham brincado de esperar namorado na infância, Altera era a única que nunca tinha namorado ninguém.
Mas, sim, eu comecei dizendo que Altera está feliz hoje, sim, ela está. Inclusive tá aqui do meu lado rindo sozinha enquanto escrevo meu blog. Eu bem que disse a ela que, como andamos muito próximas ultimamente, ela teria que ser citada em tudo aqui. Ela não se importou, só pediu que trocasse o seu nome, o que eu respeitei e, portanto, nunca vou dizer o nome verdadeiro da Altera.
Bem, enquanto conversava com ela de manhã, fiquei pensando em tantas coisas. Claro, mas o que fez Altera feliz e a mim pensativa? Altera voltou a sair com alguém, e isso a deixa elétrica!
Altera é do tipo que nem sempre se apaixona, mas se apaixona e que, quando ama, ama mesmo, "quase demais", como gosta de dizer.
Isso é muito interessante. Hoje em dia, as pessoas têm muito medo da palavra "compromisso". Mas, afinal, o que é compromisso? Eu acho que é a aceitação de si próprio, da outra pessoa e da situação, com graus e graus de intensidade, mas é isso pra mim. Uma vez que alguém se aceita (ou se desafia, o que não deixa de ser uma aceitação) e aceita o outro (ou, da mesma forma, desafia-o) e reconhece a situação em que vive, já tem um compromisso.
Um dia, eu sonhei com meu avô, Zico. Nós nunca tivemos muito contato enquanto ele tava vivo e, o mais engraçado é que no sonho foi a conversa mais ... próxima que tive com ele. Teve também o dia dos pais que em semanas antecedeu sua morte. Eu fiquei muito impressionada como havia um olhar de esperança entre uma tosse e outra. O olhar dele ficou marcado pra sempre na minha memória, mas não foi suficiente para mantê-lo aqui, pra me falar o que ele esperava depois da tosse.
Mas no sonho, como este sentimento sempre ficou comigo, eu fiquei tão feliz em vê-lo, e o abracei como nunca havia feito em vida. Então, ele começou a me falar sobre o amor. Ele me disse que para amar três coisas se fazem necessárias: reconhecer, aceitar e ... a terceira não me lembro bem, mas tenho quase certeza que é esperar. Ele discorria sobre cada um dos itens com uma suavidade e profundidade incríveis! E eu me maravilhava e concordava com tudo o que ele dizia, lembrando de todos os caras que passaram na minha vida.
Se não me falha a memória, ele dizia que reconhecer é importante porque você precisa saber quem você é e quem é a pessoa com quem você está. O que não é fácil, porque aí, caímos no próximo item que é aceitar. Você não pode aceitar o que não conhece e muitas vezes não aceita o que conhece, de forma que são dois passos muito profundos e importantes. Como disse, se bem me lembro, o terceiro tópico era o esperar, porque pra que tudo isso se faça e se assente, é preciso tempo e paciência para lidar com ele. Isso posto... o amor pode caminhar.
Até hoje não me esqueço da conversa que tive com meu avô, a única em toda minha vida. Eu já tinha contado isso pra Altera e acho que ela tá no caminho certo.

sexta-feira, setembro 17, 2004

17 de setembro

"Justo a mim coube ser eu mesma"
Uma amiga recentemente me disse esta frase, citando, segundo ela, a Mafalda dos quadrinhos. Eu me senti muito próxima desta definição. Sempre me dizem que devo escrever minhas coisas, então, aproveitando que eu e minha amiga Altera estamos passando por momentos no mínimo significativos, vou usar esta oportunidade pra finalmente, escrever, então.
Espero que dê certo.