Justo a mim

"Disciplina é liberdade"... Toda semana um texto novo... promessa!

sexta-feira, outubro 29, 2004

Mais planos

Hoje eu acordei meio chateada. Uma coisa meio "I just don't know what to do with myself". Quer dizer, não tô triste nem nada, só tô mesmo um pouco perdida.
Pensando bem, os últimos dois meses foram, se não os mais densos da minha vida, pelo menos foram quase. Acontece que eu quase não respirei entre uma coisa e outra e, eu preciso de intervalos pra pensar, pra medir, pra me recuperar... não escondo de ninguém que sou lenta. Até que consegui fazer as coisas sem pirar ultimamente... mas,fiquei um pouco exausta e tô pensando se não troquei os pés pelas mãos...
Enfim, por isso tô meio perdida sem saber direito o que fazer comigo. Mas, talvez isso aconteça com todos uma vez ou outra. Comigo acontece quase toda hora... mas tudo bem... por isso preciso ir pra Minas logo. Lá eu sempre vejo meus rumos com mais clareza, uma clareza que acaba se perdendo com o passar do tempo e aí... eu fico sem saber o que fazer comigo ...
Só pra não terminar tão reticente (apesar de óbvia), decidi quando quero ir: bem no comecinho de dezembro.Quero comprar as passagens logo. Só preciso do dinheiro...

quinta-feira, outubro 28, 2004

Viagem

Estou a cada dia, me inspirando numa música diferente. Hoje, por exemplo, pensando em tudo o que vem me acontecendo e desacontecendo, lembro daquela do Chico Buarque: "A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá..."
Por falar em destino, meu próximo destino, espero que seja Diamantina em Minas Gerais. Estou programando uma viagem para este ano ainda. Tô precisando sair, pensar, já que tenho agido muito ultimamente.
Vai ser bom. Talvez Altera vá comigo, na verdade sem ela a viagem não fará mesmo muito sentido, ela tem que ir pra me fazer ver o outro lado das coisas, ou pra fazer as coisas do outro lado. Bom, ainda não sei exatamente quando, mas sei que será neste ano ainda. Talvez no Reveillon mesmo... mas... talvez eu me sinta sozinha (se ninguém for comigo, obviamente). Mas, meu pique de viagem pra Minas é sempre tão pessoal... Pouca gente suportaria agüentar minhas contemplações, divagações e meu jeito errante de ser quando estou lá.
Algumas pessoas suportaram: a Gi, a Isabella e o Anderson. Bom, talvez meu jeito não seja assim tão insuportável hehehe.
Enfim, vou pra lá logo. Já vi o preço, vou escolher lugar, compra o walkman que sempre compro antes de viajar e sempre perco depois da viagem, resolver na cabeça as coisas que terei que refletir enquanto estiver lá e... Minas, aí vou eu!!!!

terça-feira, outubro 26, 2004

Breakfast in bed

"You've been crying, your face is in mess
Come here baby, you can dry your tears in my dress
She's hurt you again, I can tell
Uh, I know that lool so well
---
and no one has to know
you've come here again
Darling it'll be
Like it's always been before"

Tem gente que tem o dom do despojamento, da paciência, da fé por assim dizer. Prefiro não falar especificamente de fé porque isso mexeria com assuntos que eu não conseguiria colocar em palavras agora.
Mas, existe um tipo de pessoas que são seguras o suficiente para terem sua 'fé' firme, inabalável, como a pessoa da música Breakfast in Bed que eu citei acima. A mulher que canta, e eu quase consigo vê-la: uma mulher mais velha, de seus 40 anos mais ou menos, com aquele corpo que mostra já ter sido esbelto mas continua super sensual, cabelos e olhos pretos, sorriso confiante e olhar compreensivo. Ela abre a porta, vestindo um vestido simples, um pouco abaixo do joelho, mas rente ao corpo; talvez estivesse lavando a roupa. Eu sempre a imagino com um avental.
Então, ela olha o cara - que a fita com cara de bunda mesmo, e sorri. Ele, então, sorri de volta, tentando disfarçar o choro que deixou seu rosto inchado. Neste momento, ela diz: puxa, você andou chorando... ela te magoou de novo, não? Vem, pode secar as lágrimas aqui no meu vestido.
Ele, então, fica meio sem jeito, mas ela o manda entrar, tirar os sapatos e sempre, sempre, sempre tremendamente segura diz: " ninguém precisa saber que você veio aqui de novo, pode ficar tranqüilo, vou guardar segredo, como sempre"
É a vez dele sorrir confiante, chorar talvez mais um pouco e, sem jeito, ameaçar sair. Ela, então, com uma segurança que eu não consigo fazer idéia de onde ela tirou, diz pra ele que não precisa correr. Serve-lhe uma bebida e pede para que ele beba devagar. Ele, provavelmente a olha com admiração e um certo constrangimento por não retribuir os sentimentos que ela lhe devota. Mas ele a deseja... gostaria de sentir por ela o que sente pela outra, a que o fez chorar. E pensando nisso tudo, olha para ela, a beija e ela, inacreditavelmente confiante ainda por cima diz: " não precisa dizer que me ama". E ele se sente protegido, e ela se sente feliz, confiante.

Tudo termina com o café na cama que dá título à música. A parte do café é a única que eu não consigo imaginar bem, talvez porque eu não consiga acreditar que ela não sofre nem um pouco e que ele não perceba isso.
A impressão que dá é que ela vai sempre aceitar cuidar dele quando ele estiver magoado. E que ele vai sempre querer ficar com aquela que o magoa.
É claro que, de repente, ela nem gosta dele. Mas... porque dispensá-lo da tarefa de dizer que a ama? Porque falar em amor? Porque deixá-lo ainda mais confortável numa hora dessas? Será medo de sofrer? Ou será resignação frente ao amor e à realidade???? E se for, será que isso é tão mau assim?

Bom, melhor parar, ainda estou em horário de trabalho e ninguém vai me servir cadé na cama amanhã.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Estoy aqui

Hoje voltei ao consultório do psiquiatra e perguntei da Luana. A secretária me disse que eu fui a terceira a perguntar da menina. Não fui a única que ficou tocada com o caso.
Bom, o máximo que fiz foi descobrir o nome inteiro dela. Talvez crie coragem de procurar pela família... Queria marcar consulta no mesmo dia que ela, pra dar um ar de casualidade ao negócio mas... ela não marcou retorno.
A Luana foi a única criança que me fez rever meu propósito de me dedicar aos velhinhos em um trabalho voluntário.
Falando nisso, trabalhar em um asilo é uma das dívidas que tenho comigo mesma e fico sempre adiando... Eu sempre me senti fortemente ligada aos velhinhos e, depois que minha vó ficou um tempo num lugar desses, percebi como os velhinhos precisam muito de conversa e, como nós podemos aprender com eles, mesmo quando já estão meio piradinhos.Velhinhos nos ensinam a ver a vida de outro jeito, sob outro ângulo.
Oferecem pra gente a paz que a juventude faz questão de ignorar. Cabe a nós, lógico, aceitar ou não. Os velhinhos têm muito mais do que problemas ou lamentações pra dar pra gente, mas... nem sempre encontram em nós a paciência que decodificam como porta aberta para engatar uma boa conversa.
Aliás, fica aqui o meu protesto à praticidade pós moderna e estúpida da propaganda de uma companhia de seguros (Porto ou Sul América) que pergunta:
Você quer ser um avô ou um peso?
Nossa, que coisa grosseira e estúpida. Quem escreveu isso já é um peso hoje mesmo tendo pouca massa encefálica, sinceramente. A relação entre os mais velhos e a família, perdoem-me os que odeiam meus polianismos, deveria ser de gratidão no fim da vida. Acontece que nem sempre a gente pode demonstrar toda a gratidão que temos (ou deveríamos ter) por eles. Não deveria ser de peso e arremessador de peso.
Eu não falo mal de quem precisa colocar um pai, mãe ou avô enfim, alguém mais velho num asilo. Isso não é sinômimo de ingratidão. Há velhinhos muito mais abandonados dentro de seus próprios 'lares'. Claro, ingratidão, desprezo demonstram aqueles que deixam seus entes num asilo e nunca mais visitam. Vi vários velhinhos lamentando as saudades de seus filhos nos asilos que visitei.
A vida moderna faz a gente priorizar as coisas e algumas acabam ficando pra depois, depois, depois. Engraçado, a crueldade do tempo tem a mesma atitude procrastinadora com a gente, né?

terça-feira, outubro 19, 2004

Os dois lados da afeição

Uma vez, um príncipe bem pequenininho deu uma lição de moral numa pessoa mais velha dizendo que a gente é responsável por tudo aquilo que cativa. E é verdade, o pequeno príncipe tinha razão.
Eu, de mim mesma, sempre achei esta frase linda e poética, até que alguém me fez atentar ao outro lado: e se você não estiver a fim de ser responsável por aquilo que cativou? E se você cativou sem querer? O que você faz com a afeição que provocou involuntariamente???
Pode então, ser mesmo uma frase cruel... Como um principezinho fofo, daquele tamanico poderia proferir uma sentença tão cruel? Bem... bem... Talvez a melhor pergunta seja: como uma plebéia deste tamanhão poderia ter achado que tudo são realmente flores?

que louco...

E não é que o principezinho me cativou? Pra quem eu vou reclamar agora?

domingo, outubro 17, 2004

Fim de semana

Tem gente que aproveita o final de semana pra dormir, outros pra ler, outros pra ir passear...
Ouvi, não lembro onde, a história um cara que aproveitava os seus finais de semana pra comprar maçãs. Todo santo sábado ele ia à feira e gastava dois ou três reais em maçãs para a semana. No trabalho, sempre levava maçãs e as comia de sobremesa.
Um dia, acordou tarde e a feira já estava no fim. Levantou correndo, pegou o elevador e quase não notou a moça que estava lá,não fosse pela forma doce como ela disse 'bom dia. Ele respondeu e começaram a conversar sobre o tempo. Na hora em que a porta se abriu, a moça sentiu-se mal e teve uma forte tontura. O "appleholic"ficou meio na dúvida sobre o que fazer, mas resolveu segurar a moça até que ela se sentisse melhor. Ela, constrangida por ter atrapalhado os planos do sujeito, só conseguiu se desculpar explicando que tinha uma labirintite que lhe tirava a paz.
Começaram a falar de paz e terminaram falando de amor.
Não mais se viram até a sexta seguinte, quando ele a convidou pra tomar um suco em seu apartamento. Pelo que me consta ela tomou não só um suco, mas o coração dele também. Desde então eles passaram a acordar tarde aos sábados. E ele nunca mais desceu pra comprar mãçãs...


quarta-feira, outubro 13, 2004

O pensamento parece uma coisa à toa ...

"O sol levantou mais cedo e cegou o medo nos olhos de quem foi ver tanta luz" Beto Guedes


"Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor". Alguém já ouviu essa?
Às vezes me ocorre se saudade continua sendo uma palavra triste quando não se perde o amor e nem o amor é aquele 'grande amor'. Acho que sim. Saudade é uma palavrazinha meio chatinha.
Ás vezes é uma dorzinha como a coceira da picada de inseto: no começo incomoda, depois à medida que a gente vai coçando (portanto, interagindo) ela fica gostosinha mas, coçar demais aumenta a ferida que, depois, deixa de ter aquela dorzinha gostosa e passa a sangrar, e todo aquele cojunto de humores que não precisa ser descrito aqui.
A gente pode ter também saudades de coisas que não viveu, já me disseram que a isso se dá o nome de nostalgia.
Mas, hoje, a saudade que me motiva a escrever é aquela das coisas que a gente tem medo de viver, saudade do porvir, que não é exatamente uma nostalgia. É... é na verdade um medo. Medo. É a saudade dos momentos bons que já vivi, misturada com o medo de vivê-los de novo. É a saudade da esperança que já tive de que o presente durasse atéeeeeeeee o futuro. E quando dá esta saudade, é o medo querendo tomar o lugar da esperança. E isso é tão perigoso, faz a gente ter saudades do tempo em que o medo do porvir era só o medo do bicho papão mesmo...
Citando Beto Guedes, agora completamente:
"
O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar
Onde o justo estiver
O medo de amar é o medo de ser
De a todo momento escolher
Com acerto e decisão a melhor direção
O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar
Pra ficar
O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever
Recusar o poder
O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz"

segunda-feira, outubro 04, 2004

Luana

Eu a conheci na sexta-feira, na sala de espera de um consultório de psiquatria.
Nove anos apenas. Há seis meses vem desenvolvendo um tipo raro de esquizofrenia - a infantil. Segundo a mãe, os médicos ainda não fecharam nenhum diagnóstico, mas tudo leva a crer que é isso mesmo.
A mãe dela me chamou tanto a atenção... Contava para todos na sala de espera como a menina, excelente aluna, com 10 em matemática e geografia, praticante de natação, que adorava andar de bicicleta dentro de casa, assim, de uma hora pra outra, mudou. Fugiu da escola, ficou agressiva, e há uma semana passou a ter dificuldade até pra falar.
Luana tinha uma resposta padrão para todos os comentários: " Eu não gosto"
- Luana, senta um pouco?
- Não gosto de sentar

-Luana, quer bala?
- Não gosto de bala

-Luana,vem no colinho da mamãe?
- Não gosto de colinho.

Pras outras crianças que estavam perto, parecia que a Luana estava brincando... mas não... E isso doía na gente.
Dava pra ver no olho da mãe dela a esperança e a tristeza. Luana também tinha um olhinho que não era o da sua idade.
Tentei conversar com ela... não adiantou: não gosto, não gosto, não gosto.
Fui meio covarde... me afeiçøei tanto a ela que quis pedir um telefone pra saber como ela estava indo...mas... fiquei com vergonha.
Pelo menos tive coragem de pedir um beijo pra ela antes de ir embora. Ela disse que ... sim!
E eu saí de lá contente... mas espero vê-la de novo, um dia, quem sabe.

sábado, outubro 02, 2004

Mensagem para Altera

Altera me ligou hoje cedo. Só pra me dizer que dormiu bem. Ela tá se sentindo bem. Tá meio de saco cheio porque tá saindo com um cara há umas semanas mas ainda não se acostumou a relacionamentos muito modernos. Ela me disse que tá tentando, mas não é tão fácil quanto nas páginas de Nova.
Relacionamento fácil é o que estou tendo com Samanta, por enquanto. Ela é o novo bebê das nossas vidas. Riso fácil, espontâneo, dois anos e um pote de Danonininho nas mãos. Bom, mas até ela já tem histórico de relacionamentos difíceis, posto que não mais vive com seus pais.
Fora isso, relacionamentos são complicados. Eu e minha irmãzinha, por exemplo, já tivemos dias mais fáceis, bem como eu e o meu boizinho. Sim, agora as coisas estão um pouquinho mais difíceis...
Bom, família é sempre família.
Mas, voltemos a Altera e seu relacionamento moderno. Ela tá super contente. Me confidenciou outro dia que anda até meio perdida. Sim, pode ser moderno mas é um relacionamento... e não é dos mais fáceis. Não não... Altera queria saber melhor como agir... mas diz que tem seguido seus instintos apenas. Sinceramente? Admitir que tem instintos, pra mim, é a coisa mais importante nisso tudo da vida da Altera. Quer dizer, não sõ admitir que tem, mas, se deixar conhecer e ser conhecida por eles. Acho que Altera cresceu muito nos últimos tempos.
Relacionamento com outras pessoas acho que é o mais difícil que um ser humano tem pra fazer na Terra.
Mas... Altera, você me perguntou o que penso disso tudo, e eu não soube responder. Pensei um pouco e, hoje de manhã, depois que você me ligou pra dizer que pizza de anchovas e suco de maçã são simplesmente fantásitcos... eu ri e fiquei muito feliz por você. Aproveita, boba! Quantas vezes na vida você já teve isso? Quem precisa de nomes? Sinta apenas, pra não ressentir depois...