Justo a mim

"Disciplina é liberdade"... Toda semana um texto novo... promessa!

terça-feira, outubro 26, 2004

Breakfast in bed

"You've been crying, your face is in mess
Come here baby, you can dry your tears in my dress
She's hurt you again, I can tell
Uh, I know that lool so well
---
and no one has to know
you've come here again
Darling it'll be
Like it's always been before"

Tem gente que tem o dom do despojamento, da paciência, da fé por assim dizer. Prefiro não falar especificamente de fé porque isso mexeria com assuntos que eu não conseguiria colocar em palavras agora.
Mas, existe um tipo de pessoas que são seguras o suficiente para terem sua 'fé' firme, inabalável, como a pessoa da música Breakfast in Bed que eu citei acima. A mulher que canta, e eu quase consigo vê-la: uma mulher mais velha, de seus 40 anos mais ou menos, com aquele corpo que mostra já ter sido esbelto mas continua super sensual, cabelos e olhos pretos, sorriso confiante e olhar compreensivo. Ela abre a porta, vestindo um vestido simples, um pouco abaixo do joelho, mas rente ao corpo; talvez estivesse lavando a roupa. Eu sempre a imagino com um avental.
Então, ela olha o cara - que a fita com cara de bunda mesmo, e sorri. Ele, então, sorri de volta, tentando disfarçar o choro que deixou seu rosto inchado. Neste momento, ela diz: puxa, você andou chorando... ela te magoou de novo, não? Vem, pode secar as lágrimas aqui no meu vestido.
Ele, então, fica meio sem jeito, mas ela o manda entrar, tirar os sapatos e sempre, sempre, sempre tremendamente segura diz: " ninguém precisa saber que você veio aqui de novo, pode ficar tranqüilo, vou guardar segredo, como sempre"
É a vez dele sorrir confiante, chorar talvez mais um pouco e, sem jeito, ameaçar sair. Ela, então, com uma segurança que eu não consigo fazer idéia de onde ela tirou, diz pra ele que não precisa correr. Serve-lhe uma bebida e pede para que ele beba devagar. Ele, provavelmente a olha com admiração e um certo constrangimento por não retribuir os sentimentos que ela lhe devota. Mas ele a deseja... gostaria de sentir por ela o que sente pela outra, a que o fez chorar. E pensando nisso tudo, olha para ela, a beija e ela, inacreditavelmente confiante ainda por cima diz: " não precisa dizer que me ama". E ele se sente protegido, e ela se sente feliz, confiante.

Tudo termina com o café na cama que dá título à música. A parte do café é a única que eu não consigo imaginar bem, talvez porque eu não consiga acreditar que ela não sofre nem um pouco e que ele não perceba isso.
A impressão que dá é que ela vai sempre aceitar cuidar dele quando ele estiver magoado. E que ele vai sempre querer ficar com aquela que o magoa.
É claro que, de repente, ela nem gosta dele. Mas... porque dispensá-lo da tarefa de dizer que a ama? Porque falar em amor? Porque deixá-lo ainda mais confortável numa hora dessas? Será medo de sofrer? Ou será resignação frente ao amor e à realidade???? E se for, será que isso é tão mau assim?

Bom, melhor parar, ainda estou em horário de trabalho e ninguém vai me servir cadé na cama amanhã.